quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Madame


A Madame veste jaqueta de couro, salto alto, tem mais de 50 anos e o cabelo é pintado, a cor é óbvia, um tom de vermelho, é um vermelho escuro meio roxo, indefinível.

A Madame também tem bolsa de couro, não olha pro lado, olha a hora, olha a hora de novo como se tivesse um compromisso muito importante, mas a Madame não tem compromisso, no máximo da sua ocupação está olhar a novela da globo que ela adora.

A Madame acabou de sair do salão, passou no mercado, teve que se passar por simpática por alguns instantes, e agora pensa no quão chata fulana que também estava no salão é, na verdade a fulana é igual a ela, outra Madame do cabelo pintado em um tom de vermelho, os iguais se repelem.

A Madame tem uma expressão séria, não que ela seja séria, mas é que ela é tão chata que não se suporta, tornando-se assim tipicamente estressada, mas isso é chique, ela é Madame e Madame estressada ta na moda, a todo momento desconta um pouco do seu ódio sem sentido em quem e o que for, crianças, jovens, um cachorro que passa perto dela, tudo é ruim, tudo é feio e irritante, menos ela, ela é Madame e Madame é perfeita, autossuficiente.

Mas a Madame sente fome, sede, tira um recipiente plástico da bolsa, iogurte, toma como uma verdadeira Madame e ao terminar o que ela faz?

Joga o lixo na rua, pois ela é Madame e não pode carregar seu próprio lixo, sabe que alguém ira limpar o chão, mas não ela, tem mais com o que se preocupar, por exemplo o filho que não fala mais com ela, aquele que na primeira oportunidade fugiu pra longe dela, o ambiente que se foda é o que ela pensa, ela é Madame e acima de tudo...

Tem que manter a pose.

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