Queres
saber por que é tão difícil mudar o mundo?
Bom,
equacionemos o problema, pensamos que o problema é o fato de enquanto muitos se
embriagarem com a fartura outros estão sóbrios na realidade da falta, e porque
estamos revoltosos com isso?
Porque admitimos ser passageiros desse mundo,
queremos o melhor do melhor para cada um, nossa cultura e estudos nos levaram a
acreditar nessa verdade e a ter quase como uma religião, a busca por evolução, não
é descrença, realismo ou naturalismo extremo, mas um novo ponto de vista,
estamos olhando de outro ângulo, não nos basta status, fama, ou qualquer outro
tipo de falsa felicidade.
Porém,
quando se olha desse novo ângulo, percebe-se que a uma quantidade pequena e limitada de
pessoas dispostas a mudar, querendo ser mais do que todos dizem que elas podem
ser.
A
maioria das outras pessoas está em um buraco profundo, escuro, cavado por sua
alienação e não querem nem tentar sair dele.
Grande parte, a maioria pra ser
mais exato, vive em uma caverna profunda e, está com medo do que pode existir
fora dela, mesmo que alguém saiu continuam desconfiados, lutando por sua
escuridão e negando a luz que a verdade de sair dessa caverna os traria.
É
improvável conseguirmos mudar o mundo, pois ele é feito das pessoas e as
pessoas não querem mudar, mas isso não altera o fato de que nós saímos da
caverna e escolhemos a verdade, dolorosa realidade que nos arde os olhos, tal
luz quase cega quem passou tanto tempo na escuridão.
Levantamo-nos
contra toda essa confusão, o caos na organização mais bem mal feita da
história, um sistema tão idolatrado, tão bem cuidado e exaltado que me parece
mais um sonho, já não sei se sonho ou tenho pesadelo, pois, o que vejo é
surreal, deprimente, repugnante...
Ingênuo eu esperei que tudo fosse bom como em
uma fantástica história para criança.
Agora percebo que os monstros realmente
existem, mais do que eu imaginava inclusive, há também príncipes e princesas se amando, se apaixonando, entre toda essa insanidade
de aberrações que vestem terno e gravata, eloqüentes, tão atraentes me causam
náuseas. Das poucas coisas que fazem algum sentido encontro o amor, mas Princesas
e o Príncipes não ficam juntos nessa história, o monstro vence e sorri
vitorioso, então eu me pergunto, quando será que mudaremos o desfecho desse
conto. Um fim onde os Cavaleiros erguerão suas espadas contra o dragão que
engole o povo e, cospe fogo na multidão, desesperada, alienada pensa não ter
forças para derrubar tal gigante assustador, esqueceram que unidos são mais
fortes que o Dragão.
Seguimos
nesse conto de fadas, em que o normal é ser louco e os poucos normais são
tachados de loucos.
Toda tentativa é válida, se não vamos mudar o mundo nós
vamos pelo menos tentar, muitos tentaram e falharam, as chances de conseguir
alguma mudança são quase nulas e não me animam, mas não precisamos de animação
nem de probabilidade agora, afinal queremos mesmo é tentar, mais vale morrer
lutando por algo do que viver uma vida inteira por nada.
Nós
estamos presos, acorrentados no fundo de uma caverna com paredes maciças de mentiras,
essas correntes são tão fortes quanto à alienação nos faz crer que são. Queremos
nos libertar e correr para a luz da verdade, mesmo que pra isso temos que lutar
contra nós mesmos, contra nossa própria vontade que esta corrompida, contra
nosso instinto silenciado, nossos corações pulsão e gritão, liberdade total e
universal, liberdade real, deixa teu pensamento voar.
Liberte-se
de si. Teu ‘’eu’’ não é o que tu pensas, o que tu pensas é muito maior que
isso, tu podes mais do que pensas que pode, tu não és tua carne ou tua roupa,
tu não és o que os outros imaginam que tu és, tu és muito maior que isso, muito
mais que essas superficialidades que te cobrem de mentiras, liberte-se, solte
as amarras de crenças que te limitam, neuroses que te mutilam.
E o
homem que saiu da caverna gritou:
—Existe muito mais do que imaginávamos!
Os
outros presos as suas correntes dentro da caverna retrucaram:
—Louco!
Insano! Não sabes que fora daqui não existe nada, tudo que a escuridão nos
permite ver é o que há, e nada, além disso, há!
Não
mais sentia o peso das correntes, por mais que seu corpo estava marcado por
elas, não mais cego estava pela escuridão, agora corria pelos campos verdes de
sua realidade empírica, bebia da fonte do conhecimento, não era nem bom nem mal,
simplesmente era.
Tornou-se amor puro, instinto gritante, paixão alucinante.
Corra, pare,
mergulhe, prove do que queres provar não do que te dizem que deves provar.
Viva,
transcenda, e se os outros escolheram viver a margem da verdade deixe os, tu
não podes libertar ninguém além de tu, a escolha é tudo e tu escolheste, agora
tu és tudo e tudo é tu, como te alimentas do teu meio um dia teu meio se
alimentara de ti, continuando o processo que nunca terminará, o infinito
equilíbrio, tu não morreras, renascera em teu meio como teu meio cresce e se
transforma em ti e te mantém como tu mesmo gostas de chamar:
Vivo.
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